PROCURA

 

                               Laerte Antonio

 

 

Procuro por uma alma,

não uma gêmea da minha —

mas em tudo tão diferente,

que por tanta diferença

tanto assim nos queiramos.

 

Procuro por uma alma

que me ensine a fazer amor com a luz.

A ver, por dentro, o sonho das pedras,

a sonhar, por fora,

os desejos do meu coração.

 

Procuro por uma alma

que seja o riso do meu pranto,

as delícias da minha dor.

Luz e sal do meu viver,

rosa azul da minha espera.

 

Quem souber de uma alma assim,

com tais divinas diabruras,

que não seja bobo não:

convide-a depressa a entrar

e feche, com muito jeito,

as portas do coração.