É ISSO AÍ

 

                                   Laerte Antonio

 

 

É isso aí, minha Nega, —

morrendo sempre

e aprendendo de vez em quando.

Mas nem por isso!...

Cocemos os nossos baixos,

que os lá de cima não entendem

o mundo —

nem o mundo foi feito

pra se entender.

 

É isso aí, minha Nê, —

aprender muito o quê,

pra quê,

se no pouco que se aprendeu

já deu pra ver

que essa história de aprendiz

não tem nada com ser feliz?

 

É isso aí, minha Nega, —

é bom que a gente sossegue

e dê até graças a Deus —

pois se a vida é uma goiaba,

mesmo com bichos a temos,

mesmo bichada ela é nossa.

Sim, se a vida presta pouco,

imaginemos o resto!...

 

É isso aí, minha Nê, —

morrendo,

mas aprendendo.

E se viver

não é nenhuma garantia

de aprender —

a gente primeiro vive

e, se der tempo, diz:

Nunca aprendi a viver.