FRASES, FRASEMAS E OUTROS EMAS
Autoria de LAERTE ANTONIO
exige que os vidros estejam limpos.
LA 07/01
Pensar o que os outros pensam
é tão terrível quanto não pensar.
LA 07/01
Justificar-se é quase sempre
dizer do avesso.
LA 07/01
Parece que
quanto mais cérebro mais libido.
LA 07.01
Melhor que uma mulher,
só nenhuma.
LA 07/01
O bom do orgasmo
é ser único a cada vez.
LA 07/01
Melhor que uma verdade,
só duas mentiras.
LA 07/01
Kundalini é um processo perigoso...
Mas é um caminho.
Cuidado: todos querem ser mestres.
LA 07/01
A boa catarse é aquela feita
de tabela e por inferência.
LA 07/01
“Más cornadas dá el miedo que los toros.”
Pedro Romero
A vida é um cu de cerelepe —
a gente nunca acerta.
LA 08/01
De amanhã nem sabemos
quais serão as perguntas.
LA 08/01
Respostas
são para aquietar crianças.
LA 08/01
O futuro?
Começa logo após o hoje —
enquanto este vira passado.
LA 08/01
Mais vale uma xiranha quenga
que uma vagina de ouro e diamantes.
LA 08/01
Antes mil chifradas da esposa
que uma só do touro
( O toureiro ).
Deputas em que Estado?
LA 08/01
O momento nos diz que o homem
não é coisa pra se levar a sério.
LA 08/01
A mulher
é aquela parte do gênero humano
que serve para abobalhar os homens
e tornar pasmas as próprias mulheres.
LA 08/01
Um cachorro é sempre um cachorro.
E você o desculpa,
porque é um cachorro
LA 08/01
Em geral, o moralista
tem cara de onanista
acabando...
LA 08/01
Se você dá muita linha,
a pipa já não é sua.
LA 08/01
O homem é um animal
que nasceu pra viver só.
Toda tentativa em contrário
são meros heroísmos
de relacionamento.
LA 08/01
Cabe a nós saber
quando a coisa acabou,
e irmos chorar com quem
não nos cobre muito caro.
LA 08/01
Quando a soma dos atos
dividida por cem
ainda der: canalha —
é preciso afastar-se.
LA 08/01
Via as coisas
por ângulos obtusos —
e se espetava todo.
LA 08/01
Desperte inveja,
piedade não.
( Mundão Velho )
Fale bem.
Fale mal.
Nunca de si.
LA 08/01
Quero comer
uma franga jurássica —
sem camisinha.
LA 08/01
Cá nestas plagas,
felicidade
é sempre um adiamento.
Quem não a inventa
passa vontade.
LA 08/01
É tudo sujo de mortalidade —
portanto cheio de libido e sonho.
LA 08/01
Venerável Guru, —
de minha parte lhe ofereço
aquela rima em “u”.
LA 08/01
“Exportar ou morrer!”
... eis o negócio.
Eu? Me morro de ócio —
sem precisar morrer.
LA 08/01
Um dia o amor toma chuva,
e lhe escorre a maquiagem...
LA 08/01
Mas nem por isso
você deve se inibir.
Os dias são bem compatíveis...
Saber não-sabendo,
fazer não-fazendo —
até que bem merece
medalhas e comendas.
LA 08/01
Não lendo jornais,
talvez possas prever.
LA 09/01
Pediu a São Viagra
o socorresse aquela noite.
LA 09/01
Não-obstante sermos tardos no aprender,
estamos sempre prontos a ensinar.
LA 09/01
Pingolim que enjeita xiranha —
é pau no dono dele!
LA 09/01
Até antes do divórcio,
era bem interessante.
Depois que se separou
os amigos a deixaram.
LA 09/01
Seguro morreu de velho,
assim mesmo por não ter pago
a última parcela.
LA 09/01
Morreu com 97 anos.
Assim mesmo porque o marido da vizinha
chegou duas horas mais cedo.
LA 09/01
Até o marido
fazia amor com ela.
LA 09/01
O padre, um indivíduo tosco,
grotescamente feio:
cara de pau podre —
só a comia de cata-cavaco.
LA 09/01
Frei Bento lhe rachava a xota
no campanário, em noites de lua.
O homenzinho fungava tanto,
que o bronze do sino murmurava...
LA 09/01
Segura o muro, Rosinha!
Senão seremos soterrados.
LA 09/01
Fornicar é tão bom,
que é pecado.
LA 09/01
Tempo bom aquele.
Eu olhava pra baixo,
ela pra cima.
LA 09/01
Seu amigo era tão cachorro,
que lhe olhava o quintal
e a mulher.
LA 09/01
Disse à mãe que jamais voltaria a vê-lo.
A mãe, com muito jeito, lhe fez lembrar
que ela estava sentada no colo dele.
LA 09/01
Rosinha era como jabuticaba —
a gente queria chupar a cesta.
LA 09/01
aquela em que o herói
só aparece vez por nunca,
mas espera ser recebido
com beijos e fodas.
LA 09/01
Vivemos num mundo
cheio de “ismos” bem-intencionados
e de “ias” que nunca foram.
LA 09/01
Aprender rapidinho
nos livra de muitas dores.
LA 09/01
Democracia engravidou
de civilização.
Pariu democratismo,
o requinte da barbárie.
LA 10/01
Conseguiu transformar a solidão
em solitude ( era filósofo )
e achava uma delícia estar sozinho.
LA 10/01
— E Rosinha?
— Temos prensado muita uva,
feito bons vinhos.
LA 10/01
Duro é esquecer o esquecido.
O mais a gente esquece.
LA 10/01
Dezenas e dezenas de textos...
E como dizer ao amigo
que eram todos requentados?
LA 10/01
Colheu os louros do desquite,
e foi feliz para sempre.
LA 10/01
Não raro digo ao otário em mim
que ele não é tão esperto assim...
LA 10/01
Um vigarista!
Rezava uma missa
de arrepiar a alma.
LA 10/01
De Paris a Nova Iorque?
Se for de Concorde,
dá pra atender a dois cônjuges
cinco vezes ao dia,
um aqui, outro lá —
desde que o afrodisíaco
seja gálico.
LA 10/01
Vestia até as perucas
das primas —
desde que fossem bonitas,
as primas.
LA 10/01
As mulheres dos amigos?
Ah, essas( !...)
lhe eram como se fossem homens —
não tinha preconceito.
LA 10/01
Toda santa noite
o padre visitava a viúva.
— Que é que ele vai lá fazer, mãe?
— No sei. Prigunta a el.
— Padrêêêê!...
— Que é, meu filho?
— O que é que o senhor vai fazer
na casa de Dulcinéia?
— Conversar, levar consolo...
— Má siempre solo, mi padre?
— Solo no, mi hijo: con Dios
y nuestro portunhol.
LA 10/01
Entre a mão e o joelho,
o abismo de não poder.
LA 10/01
Nesta vida moderno-dietética,
vou cá buscando
minha expressão fonética.
LA 10/01
A mão que cuida
não degusta.
LA 10/01
Bem melhor quando chove...
Se bem que o amor
é sempre aquela água.
LA 10/01
Disse à mulher que não a amava.
Mas desde quando ( respondeu-lhe )
o amor existe?!
LA 10/01
Caiu na escada e aproveitou
pra ver a cor
da calcinha de Ofélia...
que justo naquele dia
estava sem.
Ficou com os olhos
cheios de piaçava.
LA 10/01
— Rosinháááááá!
Coça meus pododáctilos?
.............................................................
A vizinhança o ouviu urrar
como leão brocha.
Apanhou até.
LA 10/01
Aquele jovem,
para sempre fixado em nossas retinas,
na praça Tiananmen-89 —
um homem só contra o monstro do Estado.
Esse homem era a cultura da Europa
contra a sua —
uma ponte entre o Ocidente e o Oriente.
Enquanto vivermos, esse jovem
estará cercando aquele tanque,
como quem tenta impedir uma galinha...
LA 11/01
“O dinheiro é um ótimo empregado,
mas um péssimo patrão” ( Abraham Lincoln ).
XX
“No Brasil só existem
duas coisas organizadas:
o carnaval
e a desorganização”(Barão do Rio Branco).
XX
No ninho do sabiá,
dois ovos
olhavam esperança.
LA 11/01
Fê-lo ficar de quatro
e esfregou-lhe na cara
a xiranha barbuda —
por dois anos
e todo o seu dinheiro.
LA 11/01
Sua xaxola
olhava piscando,
engolia mordendo.
Perícias hi-tec.
Cobrava em dólar.
LA 11/01
Por fim,
sua xandanga
estalava com gosto
três graúdas
jabuticabas —
e as engolia com casca,
caroço e tudo.
Os homens faziam fila,
ávidos
de serem estalados.
LA 11/01
Coçou-lhe o cavanhaque da xoxola,
e meteu a navalha a noite inteira.
LA 11/01
Quando soube que o jogo
não era a sério,
aí já era tarde —
só tinha gargalhado
pouco mais de vinte anos.
LA 11/01
— Confias em mim?
— Com chifre e tudo.
LA 11/01
— Preferes a mim ou meu dinheiro?
— Uma coisa não decorre da outra?
LA 11/01
— Gostas do que vês?...
— Prefiro-te com a burca.
LA 11/01
— Teu pai é bravo?
— Minha mãe diz que sim,
mas vive batendo nele.
LA 11/01
Gostas de mim ou do meu dinheiro?
Imagine, amorzão!
Eu nem misturaria
você com seu dinheiro...
Gosto apenas do seu dinheiro.
LA 03/02
— De que jeito prefere?
— Lavada, e com, pelo menos,
dez minutos de descanso.
LA 11/01
— E se a tua esposa...
— Só se fosse com um bom amigo.
LA 11/01
— O que te seria pior que a morte?
— Assim, sem morrer, não tenho idéia.
LA 11/01
Deu uma rapidinho
( quase uma galiscada ),
por se lembrar
que tinha um assunto longo
a tratar com a secretária.
LA 11/01
Atrás da sacristia
era um bordel.
Não um qualquer —
um santo, hagiobordel.
LA 11/01
“Ninguém se banha duas vezes
na água do mesmo rio”
( ditado grego ).
— Quantas vezes, Rosinha,
já foste para a cama?
— Nenhuma, amor, nenhuma: gosto mesmo
é de um canto de mesa...
com cada pé numa cadeira.
LA 11/01
Padre Leôncio ficou fera:
marcara com a filha e veio a mãe.
LA 11/01
“Camiñero, no hay camiño,
el camiño se hace marchando”
( Antonio Machado ).
— E esse tal de Nostradamus...
Quando é que, segundo ele,
o mundo acaba?
— Segundo ele, não sei.
Mas isso é fácil, Rosa:
o mundo acaba
assim que a tua bunda cai.
LA 11/01
Tamanho não é documento.
Se fosse, vassoura alguma
estaria com cabo.
LA 11/01
Um cão feroz a mordeu.
O marido mordeu o cão.
O doutor vacinou os três —
isto é: a mulher,
o marido
e a si mesmo.
LA 11/01
O doutor sempre a respeitou.
Só a comia,
quando ela lhe dizia
que o marido a tinha abandonado
e já estava com outra.
E viveram ( doutor-e-ela ) trepados
lá na forquilha da jabuticabeira
( por mais de 20 anos ) —
estalando doces orgasmos.
LA 11/01
Disse aos pais
que fora um anjo que a engravidara.
Ambos caíram de joelhos
e deram graças
com cânticos e glórias e aleluias.
LA 11/01
Ruim sem ela? Pior com ela.
LA 11/01
Antes só do que bem acompanhado.
( Mundaval )11/01
A Aliança do Norte
mata tribos miseráveis
e cria Estados unidos
( sob vara de ferro )
à vontade
dos Estados Unidos.
LA 11/01
Bons tempos.
Saborosas ingenuidades...
— Aqueles?...
— Estes e aqueles.
LA 11/01
Tenho uma prima que me disse
que o seu coração é meu.
Mas que vou fazer com ele, prima?
Não poderia trocá-lo
por algo mais funcional?
LA 11/01
Será, zangão, que vale a pena?!...
LA 11/01
Pena, Senhor, tende pena
desse bípede depenado.
LA 11/01
As publicações?
Quantiosos produtos biodegradáveis.
LA 11/01
A amizade?
Uma planta a duas mãos.
Que ( como tudo ) morre
quando acaba a espontaneidade.
LA 11/01
Tinha um defeito grave. Era
abominavelmente inteligente.
LA 11/01
Não sei. Não lembro. Esqueci.
LA 11/01
Há um tempo em que se sabe tudo,
menos ser feliz.
LA 11/01
Hoje os dias se arrastam,
os meses caminham
e os anos voam.
É o tempo de ver-se indo embora.
LA 11/01
“Um intelectual
é um homem que lê
com um lápis na mão”.
(George Steiner )
Se você está bem,
os demônios passam ao largo.
LA 11/01
Pushkin compara críticos
a carteiros,
portadores de cartas
que são incapazes de escrever.
11/01
Sem humor em vida,
o morto fica muito sério.
LA 11/01
Morrer é ficar sem graça.
LA 11/01
Ser mãe é padecer em casa.
LA 11/01
Ter é querer mais.
LA 11/01
Ser é estar-se superando.
LA 11/01
Não, o amor não é uma bosta.
Tem gente que gosta,
e ainda aposta.
LA 11/01
Pegou a mulher com outro:
Puxa, é você, Fulano!?...
Se soubesse,
me confessava com outro.
LA 11/01
Disse à mulher que não mais a amava.
Ela riu... e respondeu:
Benzinhô!... hoje é dia
de supermercado.
LA 11/01
A visita não ia embora...
........................................................................
— Papai —disse a criança de três anos—
lecebeu onti uma carlta
cum falinha de antlaz...
Deu certo.
LA 11/01
Disse-me que divorciara
e que seu “ex” era agora
seu melhor amigo.
LA 03/02
Queria casar logo
para divorciar ainda moço.
LA 11/01
Morta a sogra,
aproveitou a maré —
pediu divórcio
e assumiu a veadagem.
LA 11/01
Se deixas para rir muito depois,
o tempo pode te comer a boca e o ânus.
LA 12/01
Terrivelmente corajoso.
Na sua época
— abertamente — veadava.
LA 12/01
Cornomansista inveterado,
reclamou com a patroa:
Até bem pouco tempo
davas uma no tálamo
e três nas salas de “eletro...”
Diabo! Estás perdendo o pique?!
Então não sabes
que o nosso co-adultério
me era a mais doce afrodisia?
LA 12/01
Vinha sempre.
Esporrava nas pernas
da nossa velha amizade,
e saía aliviado, —
no rosto aquele ar beato.
O duro era agüentar
o pós-conversa.
Palrar ocioso deixa sempre
um resíduo-remorso.
LA 12/01
Não confundir —
herança histórica
com histórias de herança.
LA 12/01
Não raramente, o cônjuge
só pegava no tranco.
LA 12/01
Não vejas.
Não penses.
Diz pouco.
Sai antes.
LA 12/01
Era calma. Plácida.
No rosto sempre aquele ar
de quem acaba de dar duas.
LA 12/01
Terás feito bastante,
se conseguir driblar
a impostura dos opostos.
LA 12/01
Estão querendo muito
dos machinhos. Coitados,
só dando mesmo um nó.
LA 12/01
A esperança?
Uma impostora essa senhora.
Se bem que ajuda —
sua impostura ajuda
a criatura.
Sua mentira
es muy amiga.
Estava linda no caixão.
Nem a morte conseguira enfeá-la.
No rosto, aquele ar levíssimo
de quem tinha acabado
de dar a última.
LA 12/01
Mesmerizados
nesse tesão, amor,
vamos fazer
esta tarde de domingo
urrar e fazer bico.
LA 12/01
Punheta é bom,
garoto.
Mas não substitui
a pinga com limão.
LA 12/01
A melhor pátria é a do livro,
e o sentido da cidadania
é a consciência do que se faz
dentro da liberdade.
LA 12/01
Leitura sem recolhimento,
sem uma acústica interior
capaz de fazer os ecos ressoar —
é como fazer amor
pulando de pára-quedas.
LA 12/01
A gente vai levando... Né, padre?
LA 12/01
— Perdeu o emprego?
— Perdi, padre.
— Não há de ser nada,
Deus é grande.
— É, padre.Uns tão grandes,
outros sem glandes.
LA 12/01
Em geral, a ignorância
é salvo-conduto
para a felicidade.
LA 90/01
Virava lagartixa
toda vez que a bela esposa
o deixava na mão.
LA 90/01
a gente convivia uns minutos.
Na vertical —
cada um pro seu lado.
LA 09/01
Dedicação-dedicação-
pesquisa-pesquisa-
estudo-estudo =
autodidatismo —
bem diferente de ser feito
nas coxas
das universidades
e seminários.
Esquentes não, Glorinha.
Come-dorme,
descansa e coça.
E aproveita
enquanto a coceira é moça.
LA 09/01
sobre si mesmo
para voltar para casa...
E voltou?
Diz ele que sim.
E aí?
Nunca mais foi assombrado
por dores metafísicas:
seu espírito
ficou esperando-o Lá...
Leu tudo a vida toda.
Pra quê?
Pra — dizia — “conhecer-me”...
E pra que isso serve?
Até agora pra nada:
minhocas gregas.
Deram-lhe como troféu
uma enxada
( de prata ),
com almoço,
discurso,
muitas palmas
e a chave da cidade —
toda em ouro.
O bardo da cidade
grunhiu um poema
de cento e noventa e duas páginas.
Ao dar ênfase no último verso,
borrou as calças —
foi o melhor da festa.
LA 09/01
“Senhores, são universitários
com uma leitura caolha
da realidade...
Senão vejamos:
A gen...”
Derrubaram-no do palanque
com canhonadas de ovos...
LA 09/01
Jurou que nunca pulara cerca —
passava por baixo.
LA 12/01
Todo sábado, depois das 23h,
Joaninha segurava nas costas
o muro do mercado.
LA 12/01
Casou com o velho.
..............................................................
E o homem não morria!
Alugou um pistoleiro
que o confundiu com o vizinho...
Fez mandingas, feitiços, bruxarias,
voduzadas e pactos com o Demo.
O velho ficava mais forte.
Só se deixava enterrar
no meio das pernas dela.
Levava-o para andar a cavalo...
Em teleféricos, montanhas-russas...
Escalar, fazer rapel, canoagem...
Montar em burro, em porco, em boi...
Fazer safári, roleta-russa, surubadas...
Até que um dia,
rodeada de oito seguranças,
dois amantes
e sob o riso ossudo do velho, —
teve um enfarte fulminante.
O velho a enterrou com pompa e lágrimas.
No fim do mês casou com sua irmã,
mais nova que ela dez anos
e com tudo ainda em pezinho.
LA 12/01
Jurou que não. Jamais. Em tempo algum.
Never-nunca.
Confirmou, e jurou pelo santo na parede.
E o quadro caiu, espatifou no mesmo instante.
Ainda bem que era parapsicólogo
e pode explicar o fenômeno à esposa.
LA 12/01
Rezou a São Viagra aquela noite,
e recebeu três graças sucessivas.
LA 12/01
O amigo o visitava, sobretudo
quando ele não estava.
LA 12/01
A mulher o advertia, lá de cima:
Não vá esquecer o guarda-chuuuva!
E ele pensava:
Deus me livre!...
LA 12/01
Na trama geopolítica —
a queda computada
dos DO/MI/NÓS...
LA 12/01
Sou poeta
por absoluta falta
de alternativa —
disse o cara, bêbado.
LA 12/01
Quando comprou a fruta,
embrulharam-na bem.
Comendo-a viu
que já estava bicada.
Mas entendeu
que as últimas bicadas
anulavam as anteriores...
Elaborou, “esqueceu”, fartou-se.
LA 12/01
Transcomível, adj. 2g. —
o ou a que —por aprovação conjugal—
aceita terceirizar seus serviços sexuais.
LA 12/01
De tanto pensar, pensou que pensava.
LA 12/01
Amava-a tanto,
que uma vez por semana
chamava um amigo para comê-la —
pra ela variar.
LA 12/01
Prometeu a Santo Antônio
que, se ela desse só pra ele (o marido),
daria a cada mês
quinze cestas-básicas.
LA 12/01
Subiu as escadarias do Bom-Fim
de joelhos e com a lingua a lambê-la...
Mas viu realizado o seu pedido:
um moço alto, bonito, simpático-de-bolso,
e trabuco de bandeirante.
LA 12/01
que tomava banho...
Esta lhe aplicou um joelhaço
tão bem ensaboado,
que ele só foi chupar manga
de quintal seu: com escritura
e registro.
LA 12/01
Saudades? Claro que sim.
De preferência, aquelas bem sacanas:
sem as calcinhas.
LA 12/01
O pai, machão,
queria que os meninos
dormissem no beliche:
assim já iam aprendendo...
A esposa — psicanalista —
dizia que o divã
não concordaria com ele...
E sorria —
sem ver por que se opor.
LA 12/01
Triste coisa é o amor —
quando não é amor.
LA 12/01
O ressentimento no amor
é uma chaga que não fecha nunca.
Só silencia por interesse...
Mas tão-logo se fortaleça —
ferroa sem piedade.
LA 12/01
Fazer amor é bom quando há amor.
Em não havendo, não fazê-lo é lucro.
LA 12/01
Há cônjuge que não presta,
mas é uma festa.
LA 12/01
Pra te esperar,
meu velho Technos
contava os segundos
lambendo rubis.
LA 12/01
Você foi uma merda,
mas da que mais gostei.
LA 12/01
Mulher igual a você
a gente vê às dúzias...
Mas já bem casadas.
LA 12/01
A sogra os ajudava muito —
sobretudo
pra gastar o dinheiro
e incentivar empréstimos.
Além do mais falava russo,
coisa que André nem arranhava.
LA 12/01
Há uma cidade por aí...
cujo cemitério
está repleto de esqueletos
de duelistas lavadores de honra.
Prostitutas especiais : românticas
e vestidas a caráter,
fazem dos mausoléus suntuosos leitos...
Nesse bordel marmóreo-granítico,
forrado com cetim e plumas,
paga-se bem — em ouro e pedraria —
mas ( dizem e repetem)
gozam-se orgasmos divinos.
LA 12/01
Um pouco você pensa,
outro pouco é pensado —
afinal nosso umbigo
faz parte da humanidade.
A criatividade
( qualquer que seja )
busca esconder
tal canudinho.
LA 12/01
Um dia te escrevo um poema
só com a gema.
Da clara
faço suspiros.
LA 12/01
Ajeitei-me tão bem
com a tua peruca,
que ninguém nota que a uso.
LA 12/01
Bem que o seu marido disse
que você dava era trabalho.
LA 12/01
Paiê!...
É verdade que tudo
que é bom é pecado?
Se é verdade não sei, Carlinhos.
Mas que é bom, é.
LA 12/01
Hino oficial do saudosismo:
“Todo tiempo pasado fué mejor.”
( Ditado argentino)
Dizem que os folósofos
têm a boca e o ânus
comidos pelo tempo —
bem antes daquele rir por último.
LA 12/01
Não diria que fazer
seja melhor que não fazer —
mas que fazer seja construir
com a consciência de que somos
tardos, bem tardos no aprender.
LA 12/01
A mãe lhe aconselhou
escalasse montanhas...
Mas não: esposou
uma belíssima inglesa.
Seu pai montou
uma fábrica de berrantes.
LA 12/01
O Evangelho do Cristo
é o maior desafio ao homem:
vivê-lo é superar-se —
transcender-se em humano
e em ser.
LA 12/01