FRASES, FRASEMAS E OUTROS EMAS

 

Autoria de LAERTE ANTONIO

 

 

Ver o tempo pela vidraça

exige que os vidros estejam limpos.

LA 07/01

 

Pensar o que os outros pensam

é tão terrível quanto não pensar.

LA 07/01

 

Justificar-se é quase sempre

dizer do avesso.

LA 07/01

 

Parece que

quanto mais cérebro mais libido.

LA 07.01

 

Melhor que uma mulher,

só nenhuma.

LA 07/01

 

O bom do orgasmo

é ser único a cada vez.

LA 07/01

 

Melhor que uma verdade,

só duas mentiras.

LA 07/01

 

Kundalini é um processo perigoso...

Mas é um caminho.

Cuidado: todos querem ser mestres.

LA 07/01

 

A boa catarse é aquela feita

de tabela e por inferência.

LA 07/01

 

“Más cornadas dá el miedo que los toros.”

Pedro Romero

 

A vida é um cu de cerelepe —

a gente nunca acerta.

LA 08/01

 

De amanhã nem sabemos

quais serão as perguntas.

LA 08/01

 

 

Respostas

são para aquietar crianças.

LA 08/01

 

O futuro?

Começa logo após o hoje —

enquanto este vira passado.

LA 08/01

 

Mais vale uma xiranha quenga

que uma vagina de ouro e diamantes.

LA 08/01

 

Antes mil chifradas da esposa

que uma só do touro

( O toureiro ).

 

Deputas em que Estado?

LA 08/01

 

O momento nos diz que o homem

não é coisa pra se levar a sério.

LA 08/01

 

A mulher

é aquela parte do gênero humano

que serve para abobalhar os homens

e tornar pasmas as próprias mulheres.

LA 08/01

 

Um cachorro é sempre um cachorro.

E você o desculpa,

porque é um cachorro

LA 08/01

 

Em geral, o moralista

tem cara de onanista

acabando...

LA 08/01

 

Se você dá muita linha,

a pipa já não é sua.

LA 08/01

 

 

 

 

O homem é um animal

que nasceu pra viver só.

Toda tentativa em contrário

são meros heroísmos

de relacionamento.

LA 08/01

 

Cabe a nós saber

quando a coisa acabou,

e irmos chorar com quem

não nos cobre muito caro.

LA 08/01

 

Quando a soma dos atos

dividida por cem

ainda der: canalha

é preciso afastar-se.

LA 08/01

 

Via as coisas

por ângulos obtusos —

e se espetava todo.

LA 08/01

 

Desperte inveja,

piedade não.

( Mundão Velho )

 

Fale bem.

Fale mal.

Nunca de si.

LA 08/01

 

Quero comer

uma franga jurássica —

sem camisinha.

LA 08/01

 

Cá nestas plagas,

felicidade

é sempre um adiamento.

Quem não a inventa

passa vontade.

LA 08/01

 

 

 

É tudo sujo de mortalidade —

portanto cheio de libido e sonho.

LA 08/01

 

Venerável Guru, —

de minha parte lhe ofereço

aquela rima em “u”.

LA 08/01

 

“Exportar ou morrer!”

... eis o negócio.

Eu? Me morro de ócio —

sem precisar morrer.

LA 08/01

 

Um dia o amor toma chuva,

e lhe escorre a maquiagem...

LA 08/01

 

Mas nem por isso

você deve se inibir.

Os dias são bem compatíveis...

Saber não-sabendo,

fazer não-fazendo —

até que bem merece

medalhas e comendas.

LA 08/01

 

Não lendo jornais,

talvez  possas prever.

LA 09/01

 

Pediu a São Viagra

o socorresse aquela noite.

LA 09/01

 

Não-obstante sermos tardos no aprender,

estamos sempre prontos a ensinar.

LA 09/01

 

Pingolim que enjeita xiranha —

é pau no dono dele!

LA 09/01

 

 

Até antes do divórcio,

era bem interessante.

Depois que se separou

os amigos a deixaram.

LA 09/01

 

Seguro morreu de velho,

assim mesmo por não ter pago

a última parcela.

LA 09/01

 

Morreu com 97 anos.

Assim mesmo porque o marido da vizinha

chegou duas horas mais cedo.

LA 09/01

 

Até o marido

fazia amor com ela.

LA 09/01

 

O padre, um indivíduo tosco,

grotescamente feio:

cara de pau podre —

só a comia de cata-cavaco.

LA 09/01

 

Frei Bento lhe rachava a xota

no campanário, em noites de lua.

O homenzinho fungava tanto,

que o bronze do sino murmurava...

LA 09/01

 

Segura o muro, Rosinha!

Senão seremos soterrados.

LA 09/01

 

Fornicar é tão bom,

que é pecado.

LA 09/01

 

Tempo bom aquele.

Eu olhava pra baixo,

ela pra cima.

LA 09/01

 

 

 

Seu amigo era tão cachorro,

que lhe olhava o quintal

e a mulher.

LA 09/01

 

Disse à mãe que jamais voltaria a vê-lo.

A mãe, com muito jeito, lhe fez lembrar

que ela estava sentada no colo dele.

LA 09/01

 

Rosinha era como jabuticaba —

a gente queria chupar a cesta.

LA 09/01

 

        Ulissinóia

 

Amizade Penélope, —

aquela em que o herói

só aparece vez por nunca,

mas espera ser recebido

com beijos e fodas.

LA 09/01

 

Vivemos num mundo

cheio de “ismos” bem-intencionados

e de “ias” que nunca foram.

LA 09/01

 

Aprender rapidinho

nos livra de muitas dores.

LA 09/01

 

Democracia engravidou

de civilização.

Pariu democratismo,

o requinte da barbárie.

LA 10/01

 

Conseguiu transformar a solidão

em solitude ( era filósofo )

e achava uma delícia estar sozinho.

LA 10/01

 

    E Rosinha?

    Temos prensado muita uva,

feito bons vinhos.

LA 10/01

 

Duro é esquecer o esquecido.

O mais a gente esquece.

LA 10/01

 

Dezenas e dezenas de textos...

E como dizer ao amigo

que eram todos requentados?

LA 10/01

 

Colheu os louros do desquite,

e foi feliz para sempre.

LA 10/01

 

Não raro digo ao otário em mim

que ele não é tão esperto assim...

LA 10/01

 

Um vigarista!

Rezava uma missa

de arrepiar a alma.

LA 10/01

 

De Paris a Nova Iorque?

Se for de Concorde,

dá pra atender a dois cônjuges

cinco vezes ao dia,

um aqui, outro lá —

desde que o afrodisíaco

seja gálico.

LA 10/01

 

Vestia até as perucas

das primas —

desde que fossem bonitas,

as primas.

LA 10/01

 

As mulheres dos amigos?

Ah, essas( !...)

lhe eram como se fossem homens —

não tinha preconceito.

LA 10/01

 

 

 

 

Toda santa noite

o padre visitava a viúva.

    Que é que ele vai lá fazer, mãe?

    No sei. Prigunta a el.

    Padrêêêê!...

    Que é, meu filho?

    O que é que o senhor vai fazer

na casa de Dulcinéia?

    Conversar, levar consolo...

    Má siempre solo, mi padre?

    Solo no, mi hijo: con Dios

y nuestro portunhol.

LA 10/01

 

Entre a mão e o joelho,

o abismo de não poder.

LA 10/01

 

Nesta vida moderno-dietética,

vou cá buscando

minha expressão fonética.

LA 10/01

 

A mão que cuida

não degusta.

LA 10/01

 

Bem melhor quando chove...

Se bem que o amor

é sempre aquela água.

LA 10/01

 

Disse à mulher que não a amava.

Mas desde quando ( respondeu-lhe )

o amor existe?!

LA 10/01

 

Caiu na escada e aproveitou

pra ver a cor

da calcinha de Ofélia...

que justo naquele dia

estava sem.

Ficou com os olhos

cheios de piaçava.

LA 10/01

 

 

    Rosinháááááá!

     Coça meus pododáctilos?

     .............................................................

     A vizinhança o ouviu urrar

     como leão brocha.

     Apanhou até.

     LA 10/01

 

Aquele jovem,

para sempre fixado em nossas retinas,

na praça Tiananmen-89 —

um homem só contra o monstro do Estado.

Esse homem era a cultura da Europa

contra a sua —

uma ponte entre o Ocidente e o Oriente.

Enquanto vivermos, esse jovem

estará cercando aquele tanque,

como quem tenta impedir uma galinha...

LA 11/01

 

“O dinheiro é um ótimo empregado,

mas um péssimo patrão” ( Abraham Lincoln ).

XX

 

“No Brasil só existem

duas coisas organizadas:

o carnaval

e a desorganização”(Barão do Rio Branco).

XX

 

No ninho do sabiá,

dois ovos

olhavam esperança.

LA 11/01

 

Fê-lo ficar de quatro

e esfregou-lhe na cara

a xiranha barbuda —

por dois anos

e todo o seu dinheiro.

LA 11/01

 

 

 

 

 

 

Sua xaxola

olhava piscando,

engolia mordendo.

Perícias hi-tec.

Cobrava em dólar.

LA 11/01

 

Por fim,

sua xandanga

estalava com gosto

três graúdas

jabuticabas —

e as engolia com casca,

caroço e tudo.

Os homens faziam fila,

ávidos

de serem estalados.

LA 11/01

 

Coçou-lhe o cavanhaque da xoxola,

e meteu a navalha a noite inteira.

LA 11/01

 

Quando soube que o jogo

não era a sério,

aí já era tarde —

só tinha gargalhado

pouco mais de vinte anos.

LA 11/01

 

    Confias em mim?

    Com chifre e tudo.

LA 11/01

 

    Preferes a mim ou meu dinheiro?

    Uma coisa não decorre da outra?

LA 11/01

 

    Gostas do que vês?...

    Prefiro-te com a burca.

LA 11/01

 

    Teu pai é bravo?

    Minha mãe diz que sim,

mas vive batendo nele.

LA 11/01

 

 

 

Gostas de mim ou do meu dinheiro?

Imagine, amorzão!

Eu nem misturaria

você com seu dinheiro...

Gosto apenas do seu dinheiro.

LA 03/02

 

    De que jeito prefere?

    Lavada, e com, pelo menos,

dez minutos de descanso.

LA 11/01

 

    E se a tua esposa...

    Só se fosse com um bom amigo.

LA 11/01

 

    O que te seria pior que a morte?

    Assim, sem morrer, não tenho idéia.

LA 11/01

 

Deu uma rapidinho

( quase uma galiscada ),

por se lembrar

que tinha um assunto longo

a tratar com a secretária.

LA 11/01

 

Atrás da sacristia

era um bordel.

Não um qualquer —

um santo, hagiobordel.

LA 11/01

 

“Ninguém se banha duas vezes

na água do mesmo rio”

( ditado grego ).

 

    Quantas vezes, Rosinha,

      já foste para a cama?

    Nenhuma, amor, nenhuma: gosto mesmo

      é de um canto de mesa...

      com cada pé numa cadeira.

      LA 11/01

 

 

Padre Leôncio ficou fera:

marcara com a filha e veio a mãe.

LA 11/01

 

“Camiñero, no hay camiño,

el camiño se hace marchando”

( Antonio Machado ).

 

    E esse tal de Nostradamus...

Quando é que, segundo ele,

o mundo acaba?

    Segundo ele, não sei.

Mas isso é fácil, Rosa:

o mundo acaba

assim que a tua bunda cai.

LA 11/01

 

Tamanho não é documento.

Se fosse, vassoura alguma

estaria com cabo.

LA 11/01

 

Um cão feroz a mordeu.

O marido mordeu o cão.

O doutor vacinou os três —

isto é: a mulher,

o marido

e a si mesmo.

LA 11/01

 

O doutor sempre a respeitou.

Só a comia,

quando ela lhe dizia

que o marido a tinha abandonado

e já estava com outra.

E viveram ( doutor-e-ela ) trepados

lá na forquilha da jabuticabeira

( por mais de 20 anos ) —

estalando doces orgasmos.

LA 11/01

 

Disse aos pais

que fora um anjo que a engravidara.

Ambos caíram de joelhos

e deram graças

com cânticos e glórias e aleluias.

LA 11/01

 

Ruim sem ela? Pior com ela.

LA 11/01

 

Antes só do que bem acompanhado.

( Mundaval )11/01

 

A Aliança do Norte

mata tribos miseráveis

e cria Estados unidos

( sob vara de ferro )

à vontade

dos Estados Unidos.

LA 11/01

 

Bons tempos.

Saborosas ingenuidades...

    Aqueles?...

    Estes e aqueles.

LA 11/01

 

Tenho uma prima que me disse

que o seu coração é meu.

Mas que vou fazer com ele, prima?

Não poderia trocá-lo

por algo mais funcional?

LA 11/01

 

Será, zangão, que vale a pena?!...

LA 11/01

 

Pena, Senhor, tende pena

desse bípede depenado.

LA 11/01

 

As publicações?

Quantiosos produtos biodegradáveis.

LA 11/01

 

 

 

A amizade?

Uma planta a duas mãos.

Que ( como tudo ) morre

quando acaba a espontaneidade.

LA 11/01

 

Tinha um defeito grave. Era

abominavelmente inteligente.

LA 11/01

 

Não sei. Não lembro. Esqueci.

LA 11/01

 

Há um tempo em que se sabe tudo,

menos ser feliz.

LA 11/01

 

Hoje os dias se arrastam,

os meses caminham

e os anos voam.

É o tempo de ver-se indo embora.

LA 11/01

 

“Um intelectual

é um homem que lê

com um lápis na mão”.

(George Steiner )

 

 

Se você está bem,

os demônios passam ao largo.

LA 11/01

 

Pushkin compara críticos

a carteiros,

portadores de cartas

que são incapazes de escrever.

11/01

 

Sem humor em vida,

o morto fica muito sério.

LA 11/01

 

Morrer é ficar sem graça.

LA 11/01

 

 

Ser mãe é padecer em casa.

LA 11/01

 

Ter é querer mais.

LA 11/01

 

Ser é estar-se superando.

LA 11/01

 

Não, o amor não é uma bosta.

Tem gente que gosta,

e ainda aposta.

LA 11/01

 

Pegou a mulher com outro:

Puxa, é você, Fulano!?...

Se soubesse,

me confessava com outro.

LA 11/01

 

Disse à mulher que não mais a amava.

Ela riu... e respondeu:

Benzinhô!... hoje é dia

de supermercado.

LA 11/01

 

A visita não ia embora...

........................................................................

— Papai —disse a criança de três anos—

lecebeu onti uma carlta

cum falinha de antlaz...

Deu certo.

LA 11/01

 

Disse-me que divorciara

e que seu “ex” era agora

seu melhor amigo.

LA 03/02

 

Queria casar logo

para divorciar ainda moço.

LA 11/01

 

 

 

 

 

Morta a sogra,

aproveitou a maré —

pediu divórcio

e assumiu a veadagem.

LA 11/01

 

Se deixas para rir muito depois,

o tempo pode te comer a boca e o ânus.

LA 12/01

 

Terrivelmente corajoso.

Na sua época

— abertamente — veadava.

LA 12/01

 

Cornomansista inveterado,

reclamou com a patroa:

Até bem pouco tempo

davas uma no tálamo

e três nas salas de “eletro...”

Diabo! Estás perdendo o pique?!

Então não sabes

que o nosso co-adultério

me era a mais doce afrodisia?

LA 12/01

 

Vinha sempre.

Esporrava nas pernas

da nossa velha amizade,

e saía aliviado, —

no rosto aquele ar beato.

O duro era agüentar

o pós-conversa.

Palrar ocioso deixa sempre

um resíduo-remorso.

LA 12/01

 

Não confundir —

herança histórica

com histórias de herança.

LA 12/01

 

Não raramente, o cônjuge

só pegava no tranco.

LA 12/01

 

 

Não vejas.

Não penses.

Diz pouco.

Sai antes.

LA 12/01

 

Era calma. Plácida.

No rosto sempre aquele ar

de quem acaba de dar duas.

LA 12/01

 

Terás feito bastante,

se conseguir driblar

a impostura dos opostos.

LA 12/01

 

Estão querendo muito

dos machinhos. Coitados,

só dando mesmo um nó.

LA 12/01

 

A esperança?

Uma impostora essa senhora.

Se bem que ajuda —

sua impostura ajuda

a criatura.

Sua mentira

es muy amiga.

LA 12/01

           

                 Estava linda no caixão.

                 Nem a morte conseguira enfeá-la.

                 No rosto, aquele ar levíssimo

                 de quem tinha acabado

                 de dar a última.

                 LA 12/01

 

Mesmerizados

nesse tesão, amor,

vamos fazer

esta tarde de domingo

urrar e fazer bico.

LA 12/01

 

 

 

 

Punheta é bom,

garoto.

Mas não substitui

a pinga com limão.

LA 12/01

 

A melhor pátria é a do livro,

e o sentido da cidadania

é a consciência do que se faz

dentro da liberdade.

LA 12/01

 

Leitura sem recolhimento,

sem uma acústica interior

capaz de fazer os ecos ressoar —

é como fazer amor

pulando de pára-quedas.

LA 12/01

 

A gente vai levando... Né, padre?

LA 12/01

 

    Perdeu o emprego?

    Perdi, padre.

    Não há de ser nada,

Deus é grande.

    É, padre.Uns tão grandes,

outros sem glandes.

LA 12/01

 

Em geral, a ignorância

é salvo-conduto

para a felicidade.

LA 90/01

 

Virava lagartixa

toda vez que a bela esposa

o deixava na mão.

LA 90/01

 

Na horizontal,

a gente convivia uns minutos.

Na vertical —

cada um pro seu lado.

LA 09/01

 

 

 

 

 

 

 

Dedicação-dedicação-

pesquisa-pesquisa-

estudo-estudo =

autodidatismo —

bem diferente de ser feito

nas coxas

das universidades

e seminários.

LA 09/01

 

Esquentes não, Glorinha.

Come-dorme,

descansa e coça.

E aproveita

enquanto a coceira é moça.

LA 09/01

 

     Método Pós-Socrático

 

Fez o espírito dar uma pirueta

sobre si mesmo

para voltar para casa...

E voltou?

Diz ele que sim.

E aí?

Nunca mais foi assombrado

por dores metafísicas:

seu espírito

ficou esperando-o Lá...

LA 09/01

 

           Minhocas

 

Leu tudo a vida toda.

Pra quê?

Pra — dizia — “conhecer-me”...

E pra que isso serve?

Até agora pra nada:

minhocas gregas.

 

 

 

Deram-lhe como troféu

uma enxada

( de prata ),

com almoço,

discurso,

muitas palmas

e a chave da cidade —

toda em ouro.

O bardo da cidade

grunhiu um poema

de cento e noventa e duas páginas.

Ao dar ênfase no último verso,

borrou as calças —

foi o melhor da festa.

LA 09/01

 

“Senhores, são universitários

com uma leitura caolha

da realidade...

Senão vejamos:

A gen...”

Derrubaram-no do palanque

com canhonadas de ovos...

LA 09/01

 

Jurou que nunca pulara cerca —

passava por baixo.

LA 12/01

 

Todo sábado, depois das 23h,

Joaninha segurava nas costas

o muro do mercado.

LA 12/01

 

Casou com o velho.

..............................................................

E o homem não morria!

Alugou um pistoleiro

que o confundiu com o vizinho...

Fez mandingas, feitiços, bruxarias,

voduzadas e pactos com o Demo.

O velho ficava mais forte.

Só se deixava enterrar

no meio das pernas dela.

Levava-o para andar a cavalo...

Em teleféricos, montanhas-russas...

Escalar, fazer rapel, canoagem...

Montar em burro, em porco, em boi...

Fazer safári, roleta-russa, surubadas...

Até que um dia,

rodeada de oito seguranças,

dois amantes

e sob o riso ossudo do velho, —

teve um enfarte fulminante.

O velho a enterrou com pompa e lágrimas.

No fim do mês casou com sua irmã,

mais nova que ela dez anos

e com tudo ainda em pezinho.

LA 12/01

 

Jurou que não. Jamais. Em tempo algum.

Never-nunca.

Confirmou, e jurou pelo santo na parede.

E o quadro caiu, espatifou no mesmo instante.

Ainda bem que era parapsicólogo

e pode explicar o fenômeno à esposa.

LA 12/01

 

Rezou a São Viagra aquela noite,

e recebeu três graças sucessivas.

LA 12/01

 

O amigo o visitava, sobretudo

quando ele não estava.

LA 12/01

 

A mulher o advertia, lá de cima:

Não vá esquecer o guarda-chuuuva!

E ele pensava:

Deus me livre!...

LA 12/01

 

Na trama geopolítica —

a queda computada

dos DO/MI/NÓS...

LA 12/01

 

Sou poeta

por absoluta falta

de alternativa —

disse o cara, bêbado.

LA 12/01

 

 

Quando comprou a fruta,

embrulharam-na bem.

Comendo-a viu

que já estava bicada.

Mas entendeu

que as últimas bicadas

anulavam as anteriores...

Elaborou, “esqueceu”, fartou-se.

LA 12/01

 

Transcomível, adj. 2g. —

o ou a que —por aprovação conjugal—

aceita terceirizar seus serviços sexuais.

LA 12/01

 

De tanto pensar, pensou que pensava.

LA 12/01

 

Amava-a tanto,

que uma vez por semana

chamava um amigo para comê-la —

pra ela variar.

LA 12/01

 

Prometeu a Santo Antônio

que, se ela desse só pra ele (o marido),

daria a cada mês

quinze cestas-básicas.

LA 12/01

 

Subiu as escadarias do Bom-Fim

de joelhos e com a lingua a lambê-la...

Mas viu realizado o seu pedido:

um moço alto, bonito, simpático-de-bolso,

e trabuco de bandeirante.

LA 12/01

 

Guerra é guerra! —disse para a prima

que tomava banho...

Esta lhe aplicou um joelhaço

tão bem ensaboado,

que ele só foi chupar manga

de quintal seu: com escritura

e registro.

LA 12/01

 

 

Saudades? Claro que sim.

De preferência, aquelas bem sacanas:

sem as calcinhas.

LA 12/01

 

O pai, machão,

queria que os meninos

dormissem no beliche:

assim já iam aprendendo...

A esposa — psicanalista —

dizia que o divã

não concordaria com ele...

E sorria —

sem ver por que se opor.

LA 12/01

 

Triste coisa é o amor —

quando não é amor.

LA 12/01

 

O ressentimento no amor

é uma chaga que não fecha nunca.

Só silencia por interesse...

Mas tão-logo se fortaleça —

ferroa sem piedade.

LA 12/01

 

Fazer amor é bom quando há amor.

Em não havendo, não fazê-lo é lucro.

LA 12/01

 

Há cônjuge que não presta,

mas é uma festa.

LA 12/01

 

Pra te esperar,

meu velho Technos

contava os segundos

lambendo rubis.

LA 12/01

 

Você foi uma merda,

mas da que mais gostei.

LA 12/01

 

 

 

 

Mulher igual a você

a gente vê às dúzias...

Mas já bem casadas.

LA 12/01

 

A sogra os ajudava muito —

sobretudo

pra gastar o dinheiro

e incentivar empréstimos.

Além do mais falava russo,

coisa que André nem arranhava.

LA 12/01

 

Há uma cidade por aí...

cujo cemitério

está repleto de esqueletos

de duelistas lavadores de honra.

Prostitutas especiais : românticas

e vestidas a caráter,

fazem dos mausoléus suntuosos leitos...

Nesse bordel marmóreo-granítico,

forrado com cetim e plumas,

paga-se bem — em ouro e pedraria —

mas ( dizem e repetem)

gozam-se orgasmos divinos.

LA 12/01

 

Um pouco você pensa,

outro pouco é pensado —

afinal nosso umbigo

faz parte da humanidade.

A criatividade

( qualquer que seja )

busca esconder

tal canudinho.

LA 12/01

 

Um dia te escrevo um poema

só com a gema.

Da clara

faço suspiros.

LA 12/01

 

 

 

 

Ajeitei-me tão bem

com a tua peruca,

que ninguém nota que a uso.

LA 12/01

 

Bem que o seu marido disse

que você dava era trabalho.

LA 12/01

 

Paiê!...

É verdade que tudo

que é bom é pecado?

Se é verdade não sei, Carlinhos.

Mas que é bom, é.

LA 12/01

 

Hino oficial do saudosismo:

“Todo tiempo pasado fué mejor.”

( Ditado argentino)

 

Dizem que os folósofos

têm a boca e o ânus

comidos pelo tempo —

bem antes daquele rir por último.

LA 12/01

 

Não diria que fazer

seja melhor que não fazer —

mas que fazer seja construir

com a consciência de que somos

tardos, bem tardos no aprender.

LA 12/01

 

A mãe lhe aconselhou

escalasse montanhas...

Mas não: esposou

uma belíssima inglesa.

Seu pai montou

uma fábrica de berrantes.

LA 12/01

 

O Evangelho do Cristo

é o maior desafio ao homem:

vivê-lo é superar-se —

transcender-se em humano

e em ser.

LA 12/01