SONHOS

                            Laerte Antonio

 

Sonhos

 

Sonhos, Amada,

são só orgasmos prévios —

gozados ou jamais,

mas nem por isso menos saborosos.

 

Sonhos, minha Andarilha,

são só uma maneira

de ver se vale a pena

ou se as penas se excluem —

e a gente fica com a sombra do seu vôo...

 

Sonhos são sonhos só —

a realidade de bruços,

e a gente fazendo cócegas

para virá-la.

 

Sonhos são só um modo

de constelar nosso barro —

e inseminá-lo de infinito.

 

Sonhos, Amada,

é essa saudável loucura

de reinventar a vida

a cada desamor.

 

Sonhos, Menina, é a saudade,

não de quando éramos Deus...

mas do não-tempo em que Ele nos era,

e de tão venturosos

nem o sabíamos.