ENTRE COMPADRES
Laerte Antonio
... me desculpe a comadre, mas amor não acaba. Que esperança!
O amor? Mora entre as mãos. Bem entre um beijo e outro. Entre um abraço e outro. Entre um olhar e outro. Um sorriso mais outro. Aí é que vive o amor: sempre apertado, sempre entre entre. Sempre bem entre — até se tornar de casa: então, entra pra dentro. Cara de pau, fica de casa. E ama ama ama ama ama ama ama... naquela eterna amação: até esgarçar as vontades, até vidrar o desejo, até ficar zonzo-zonzo, com calorias a menos...
O amor é bicho guloso — quanto mais prova mais quer e nunca que acaba não. Só acaba de faz de conta, mas acabar de vez — chegar num fim final? Ah, isso nunca das nunquetas! Se foi pro brejo aqui, procura ali terra mais firme. Mas findar, amor não finda. Pode ( repito ) quando muito migrar se um dos lados que o prensa ( como foi o caso, pobre comadre! do droga do seu marido... ) se esquece de fazer a sua parte que é: amar amar amar amar amar... até cansar o beiço, até... Se um se esquece ( dizia ), aí, sim, as uvas já não dão vinho — só vinagre dos brabos. ......................................................................... Mas morrer? Amor dos bons nunca que morre não — vai mais é trabalhar, trabalhar noutras vinhas.
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