CUIDADO
Laerte Antonio
Cuidado com a mulata,
que ela mata —
mata, esquarteja, mói.
Seu amor vale prata
ou ouro em pó.
Mas a mulata mata.
Ao que lhe desata
a alça do desejo,
não por pejo,
mas por molejo —
é que a mulata mata.
Aproveitem que a mulata
despida
desliza pela avenida,
suada de libido
e remelexo atrevido —
esfregando suas plumas
( rebolando lentamente )
na cara e na careta
de toda a gente.
Cuidado, que a mulata
desbarata, mata
e mói —
mas não dói.